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freedomisastateofmind

Sobre tudo e sobre nada. Sobre amores e desamores. Sobre um curso superior. Sobre política. Sobre a frustração e o orgulho. Sobre mim.

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Sobre tudo e sobre nada. Sobre amores e desamores. Sobre um curso superior. Sobre política. Sobre a frustração e o orgulho. Sobre mim.

V

Gosto de ti. Não sei se te amo. Mas sei que gosto de ti. Gosto do teu cabelo, do teu corpo, do teu cheiro, do teu riso, da tua pessoa. Nunca pensei voltar a gostar de ninguém mas aconteceu. Não sei se estava escrito em algum sítio mas esta foi a forma mais insólita de conhecer alguém. E tão errada. Tão errada. Mas é este perigo que me deixa viva e sempre à espera de mais. Não me apercebi de emergirmos nisto e agora não há volta a dar. Deste-te a mim meses depois de suspirar por ti. Todos os dias eram uma tormenta porque tinha de o esconder. De todos e principalmente de ti. Demorei outros tantos a confessar. Nem sei como tive coragem - o alcóol faz milagres. Não sei como é que aconteceu desse lado, mas acho que aconteceu e é tão bonito... Com todas as condicionantes, com todo o erro que está subjacente a isto. Poesia-me. 

Amor

O amor voltou a ter nome. Voltou a ter uma face. Um corpo. Uma mente. A mente mais misteriosa possível que me faz ficar horas a sonhar com descobri-la. Todos os dias descubro um bocadinho e todos os dias são uma vitória. É difícil perceber-te. Aliás, perceber-nos. As entrelinhas toldaram o nosso discurso e já não sabemos falar sem ser através delas. É poético. Há dias em que não percebo e gostava. Há outros em que percebo demasiado bem e quero mais. Quero sempre mais. 

...

Noites sem dormir, com a cabeça totalmente cheia de pensamentos. O primeiro que vem  à memória é daquele fatídico dia. Não me consigo lembrar como começou mas consigo lembrar-me como acabou. Lembro-me dos gritos, lembro-me da violência, lembro-me de pegar no miúdo e ir chorar para a varanda. Ouvia tudo na mesma. Coisas a bater. Coisas a partir. "Pára". "Vou-me atirar da janela". "Pára". Eu não sabia o que era aquilo. Nem podia saber. Tinha 20 anos, uma vida substancialmente pacata e pela primeira vez estava a assistir a uma violência de todo o tamanho. Os gritos continuavam a ecoar da maneira mais grotesca que ouvi na vida. Não sabia o que se estava a passar. A porta bateu com intensidade. Alguém se sentou pesadamente no chão e chorou. Baixinho. Os sussurros ecoavam na casa toda: "onde é que eu errei?" / "não quero pertencer a esta família". Não me lembro se almoçamos. Não me lembro de pormenores. Lembro-me de tudo voltar e de voltar a ir chorar para a varanda com o miúdo ao colo. Tentava dizer-lhe que estava tudo bem mas não estava. Estava tudo do avesso. A gritaria ecoava. Portas a bater. Coisas a cair ao chão. Nunca cheguei a perceber se existiu luta física. Vi camisolas amarradas à cama. Espetaram-me uma faca no coração quando me disseram que aquela varanda ia ser o fim. Graças a Deus não foi. Foi só o nosso fim. A tarde foi passando e a praia foi o nosso último destino. Achava que ia ficar tudo bem. Abraços à beira mar. Mergulhos de reconciliação. Desculpas. Choro. Desculpas. Voltamos a casa. Jantar. O alvoroço continuou. A paz conseguida por entre as ondas foi quebrada por uma palavra mal-dita. Foste deitar-te para bem longe de mim. Sinto que foi nesse dia que iniciamos a nossa destruição. Entretanto tenho quase 23 anos. Entretanto 2 anos passaram e continuo a não conseguir dormir por causa deste dia. Os gritos ecoam na minha mente dia após dia. Todos os dias mais intensamente. Tenho medo sempre que estou na eminência de estar num cenário de violência. Muito medo. Como é que é suposto explicar a alguém que não consigo viver decentemente porque isto ainda me assombra? Já passei naquele sítio algumas vezes. Tinha de atuar normalmente mas gostava de lá voltar sozinha. Entrar naquela casa e fazer o luto de vez. Despedir-me daquele maldito quarto que deixei à toa. Despedir-me das paredes que tanto choro meu ampararam. Despedir-me destes pensamentos que me arruinam. 

i, de novo

Estamos a meio de Março. Acabamos em Julho do ano passado. Recomeçamos a falar em Dezembro. Vejo-te mais do que uma vez por mês. Não sei o que sinto. Quero fingir que somos as melhores amigas de sempre, porque só te desejo bem e quero o melhor para ti, mesmo que isso implique que fique dias a chorar a fio. Já voltaste a confiar em mim. Somos mesmo amigas outra vez. Há coisas que não mudam, o cheiro então. Deixou-me de rastos porque foi a primeira vez que o senti em mais de 6 meses. Estou desde ontem a chorar pelos cantos. É tudo confuso, é tudo uma nuvem enorme e ter a tua amizade é a minha maior felicidade. Não sei se quero mais do que isso. Às vezes sim, às vezes não. Sei que não queres e nunca vais querer. Não sei se deva ficar feliz por falarmos todos os dias, por te ver mais do que uma vez por mes, por falarmos horas ao telefone, por te pedir conselhos. Não. sei. nada. da. puta. da. minha. vida. Enquanto isto não consigo olhar pra mais ninguém, por muito mais que se aproximem de mim.